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07 julho 2013

eu e o marinheiro


Como atividade dominical, resolvi levar meu marinheiro favorito lá pra Praia dos Ingleses e ter um encontro com ele. Como o coitado ama o som do Mar e dá uma de filósofo quando vê gaivotas pairando loucamente no ar em busca de qualquer coisa para comer, resolvi que dividir um cachorro quente seria o bastante para ficarmos de boa ali perto do Grande Mar.

Claro que temi pela integridade de meu cachorro-quente de recheio duplo e a eminência de um ataque gaivotístico, então após degustar o lanche (Que esfriou rapidamente, aquela praia faz um frio tremendo) fui dar uma andadinha perto das águas de Iemanjá acompanhada do serzinho miserável que fica me cutucando o tempo todo para visitar mais as areias e as ondas.

03 janeiro 2013

Conto - O Soldado Perdido

Tudo acontece em poucos minutos, como se a decisão tivesse sido feita nesse pequeno intervalo de tempo, tão urgente e apressada que mal sabia se os resultados seriam viáveis. Arrastando sua perna dilacerada por uma bala inimiga, uniforme coberto por lama, suor e sangue, rosto marcado por ferimentos e lágrimas que jamais iriam se curar, o olhar distante e marejado, nas mãos vazias apenas o lenço delicado, bordado com a inicial de seu nome em um verde tão claro que parecia ser transparente. Apesar da aparência doentia, destruída e sem esperanças, o lenço o fazia sorrir.


E ao mirar o pedaço de pano de textura fina, ele sorriu mais uma vez, entre o pesar, o desespero e a alegria fugaz que a lembrança trazia ao ver que um pouco de sua antiga vida sobrevivera ao massacre de milhares de almas naquele campo de batalha vazio.

O soldado se arrastou mais alguns metros, sentindo a dor na perna se tornar nada além de um estímulo distante, ali no meio daquele campo vazio, ele se endireitou, face virada para a névoa que cobria os corpos de seus companheiros e inimigos, cobria a vergonha e a insensatez, cobria principalmente suas esperanças de voltar para casa. O Sol não existia naquele pedaço de Inferno na Terra, apenas o frio da manhã que engelerava seus ossos, o pestilento ar úmido dos cadáveres pútridos sendo consumidos pela terra em que pisavam, o vento que assoviava tão alto que era difícil manter uma conversa com qualquer um. Mas afinal de contas: Quem gostaria de conversar em cenário tão deplorável?