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03 janeiro 2015

Projeto 1 praia por semana - Ingleses because

Praia dos Ingleses
Praia dos Ingleses (Fonte: Wikipedia)
No cheating here!
Houve uma mudança de planos extraordinária que interferiu para a ida a Armação no Sul da Ilha com as intrépidas malévolas...

Tive a obrigação moral e sentimental de ficar em terras do Norte devido presença de mãe que não via há muito tempo, logo como o projeto deveria ser mantido - e a própria Entesposa queria dar um pulinho para ver o Mar - fomos a famigerada Praia dos Ingleses, uma das mais visitadas, frequentadas, lotadas, pisoteadas, entupidas de todo o Norte da Ilha.

Yeeeeeeeeeey #SqN.


Então, estou cerca de 2 anos morando aqui nos Ingleses, já passei alguns bocados por aqui, inclusive cogitei desesperadamente largar tudo e ir para a Trindade para ficar mais perto da UFSC e longe dos olhares predatórios de pessoas mau intencionadas - no worries, foi apenas furto, mas mesmo assim todo cuidado é pouco! Eis que ainda continuo no mesmo local, com medidas de segurança mais avançadas e definitivamente botando o escudo bem alto, com direito a retórica rude quando o assunto é sair de casa ou manter o apto a salvo.

Agora tenho benza de santo forte, um gato maluco metido a doido e vizinhos precavidos, então dá para seguir de Bowie sem muitos alardes.
(TEPT, querida, pensei que já tinha ido embora faz tempo)

Bem, os Ingleses (Ou Zinga como os manézim chama) foi um dos primeiros locais do Norte da Ilha a ter um desenvolvimento quase instantâneo de população, incluindo seus bairros próximos Rio Vermelho, Muquém, Travessão, Capivari e Sítio de Baixo. Costa do Moçambique vem após, adentrando mais até a Barra da Lagoa, Lagoa da Conceição e por aí vai. Tem um morro no meio que atrapalha metade do trânsito e uma floresta do caramba. 

Bandos de estrangeiros e gaúchos vêm regularmente aqui o ano todo, preferivelmente essa época do ano - a tal da alta temporada, na qual diárias de hotéis e aluguel de casas aumentam tipo 600% num piscar de olhos - e diferentemente do que as pessoas gostam de pensar, aqui é mais bairro satélite do que exatamente movida a turismo (De 365 dias, cerca de 3 meses só servem para turismo, o resto é parado). Muita gente que reside aqui trabalha em Canasvieiras ou no caminho entre o Norte e o Centro, graças a Eru, mas pura brincadeira de Mandos com a nossa cara, o TICAN segunda-feira pós feriado pode muito bem dar certeza dessa premissa.

Mas vamos falar da praia né?

Mini mapa da região dos Ingleses (Fonte: VivaFloripa)
A Praia dos Ingleses se estende em um bando de areia considerável desde o começo do bairro Gaivotas (é onde a gente mais chique mora) - de acordo com a querida Wikipedia, cerca de 4,83km de praia - e vai até as dunas perto do Morro, para então entrar a praia do Santinho do outro lado (Aí é outra história e outro post). Na parte do Gaivotas a coisa tá mais bonitinha e preservada, boa parte da vegetação nativa foi restaurada, não há muito comércio ocupando o banco de areia, as barracas com associações de pescadores estão por ali. Há infraestrutura para o Corpo de Bombeiros (ponto positivo, o Mar pode ser rude pra cacete ali), tem saídas para as ruas pavimentadas, ônibus perto e pouco trânsito de carros enlouquecidos. Até aí tudo bem.

Já no miolo, ou o Centrinho dos Ingleses como chamam, é o verdadeiro pandemônio turístico não-planejado. Como citei anteriormente, o bairro cresceu rapidamente em poucos anos, logo o comércio de orla de praia literalmente engoliu as entradas para a praia. Casas de veraneio e prédios monumentais estão ali, todos encostados uns nos outros impedindo as pessoas de entrarem na praia, precisando às vezes andar mais de 500 metros para se conseguir uma entrada ou saída.

Nem preciso falar que com esse fato há uma mudança horrenda no aspecto da praia, né?

Lotação dos Zinga (Fonte: ClickRBS)
Chegando mais para direita de quem está indo para o Norte, dá para se ver que a faixa de praia diminui devido a casas e prédios, para então dar lugar ao deck da 2ª entrada/saída oficial da praia. Mais uns 100 metros as imensas dunas que separam a Praia dos Ingleses com o caminho para o Santinho está ali, firme e forte, com uma vista muito boa por sinal e algumas barracas de pescadores locais. Aviso aos navegantes: vá com cuidado na trilha dentro do charco para o Santinho, já me perdi lá algumas vezes e tive que sair na pauleira da corrida porque tava sozinha sem saber em qual direção tinha que tomar pra chegar na praia.

Já tive boas estórias aqui nessa praia, desde caminhar sem destino nos primeiros dias de morada no novo talan, até chorar umas mágoas chatinhas da vida ali nas dunas, ofertar alguns pedidos de ajuda para a Mãe Janaína debaixo da chuva e ser testemunha de alguns causos cômicos que ocasionalmente passam despercebidos.

Pescadores na Praia dos Ingleses (Fonte: Blog Edifício Isola Ravenna)
O primeiro foi em algumas semanas de mudança e fiquei ali na parte do Gaivotas vendo a movimentação dos pescadores debaixo de uma névoa fina, frio do caramba de inverno se aproximando e Mar agitado. Um dos pescadores (Seres humanos de constituição heróica para aguentar um frio daqueles apenas com shorts e regata) estava com água até os joelhos conversando com o Grande Mar como se estivesse falando com seu melhor amigo. Como eu passava andando para esfriar meus nervos e me (re)conectar, ouvi parte da conversa camarada em que o pescador pedia que o Mar não fosse tão travesso com ele, que desse pelo menos um pouco de peixes até final da noite, que não levasse as redes para lugar vazio, algumas risadinhas e agradecimentos foi o que presenciei, admito que foi a cena mais awesome que já vi nesse contexto.

Aqui é um dos locais que mais se tem êxito pra pesca de tainha e frutos do Mar, então... E eles têm um barco com o desenho lindo de Mãe Iemanjá, ganhou meu <3 na hora.

O pessoal daqui tem uma ligação muito bonita com o Grande Mar e eu os invejo, quiridux.

A outra foi aventura-solo comendo cachorro-quente perto do posto dos Bombeiros, igualmente num dia frio do caramba, casaco cobrindo o corpo todo, mochilinha grudada no corpo, cachorro-quente não mais quente nas mãos trêmulas e sendo devorado pela ansiedade que me toma depois de andar muito. Detalhe: não prestei atenção nas gaivotas ali perto.

Logo uma aglomeração delas se juntou perto de onde eu estava, cobiçosas por alguma migalha ou talvez eu inteira. Tive que levantar correndo, e me salvar. Isso me ensinou uma valiosa lição, gaivotas são malucas, mas também gostam de cachorro-quente.
(Olha o Capitão Óbvio decidiu passar por aqui)

Até então tenho esse suspirinho nostálgico guardado aqui quando vejo o Mar na Praia dos Ingleses, pois foi ali que tudo começou - pelo menos pra mim, foi sim, sim - logo me contento com o fato de estar relativamente perto de onde mais desejo ficar.
#Noldor/Teleri/Vira-lataFeelings

Resumindo a ópera: é onde eu moro, adoro tudo por aqui, mas com um pouquinho mais de responsabilidade social e planejamento a praia ficaria de boa, já que neaw?

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