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21 novembro 2017

Não é meu lugar pra falar

E depois de uma aula de comunicação incrível, 

Não é meu lugar para falar de algumas pautas.

Eu tenho consciência disso.
Gostaria muito que as pessoas ao meu redor também tivessem essa noção.

Não é meu lugar pra falar.

A gente silencia o Outro (em letra maiúscula, pois é uma entidade que é além de mim como ser humano e vivência. O Outro às vezes me fascina e também me assusta.) com palavras que fazem parte de nosso vocabulário, mas não são realidade para Este.
A gente silencia de tal forma que ao se tentar falar do Outro há estranhamento de mim mesme.

Mesme.
Isso, não mesma ou mesmo.
Aí tenho lugar para falar.
(Acho.
(Tenho? Posso falar?)

E olha só que absurdo!
A fala alocada a um lugar em um espaço-tempo que NÃO me pertence, mas que vivo mesmo assim.

Mesmo.
Como outra pessoa qualquer que não denota a minha condição.
O meu ser.
O meu estar.
O que sou.
O que estou.

Não é meu lugar pra falar.
Pois mesmo tendo o silenciamento como um tiro rápido, estampido em uma silenciadora (um acessório luxuoso para armas, tecnologia de ponta para abafar uma bala direcionada pro meio da testa da vítima), o Outro é feito da mesma matéria que a minha.
E não é meu lugar pra falar.

É minha vez de CALAR A BOCA É ESCUTAR.
Que seja na forma de discurso direto, envergonhamento contraído, palavra lida, ação feita, exagero impertinente, violência aceita.
Não é meu lugar pra falar.

Não é meu lugar pra falar sobre cotistas.
De políticas igualitárias entre pessoas.
A balança ideal de equilíbrio social e fantasia de um projeto de docilidade de corpos. 
Não é meu lugar de fala para falar desse mês, o que significa para muitos mais que eu.
Não é meu lugar discutir violência policial.
Não é meu lugar questionar o status quo. 
Não é meu lugar puxar uma vertente do feminismo e dialogar.
Ou sequer tentar dialogar.
(Posso dialogar?) 

É minha vez de calar a boca e escutar.
Pelo menos uma vez na vida.
Esquecer por um momento que o meu lugar silencia muitos outros.
Rasura o Outro.
Rasga, retalha, atira com silenciadora ou com bala de borracha espetada de alfinete, chumbinho. Baixa cacetete, canetada, conceitos acadêmicos, diminui direitos conquistados, silenciosamente. 
Não é meu lugar pra falar.

Sequer agir.
Por tudo que considero sagrado, minha língua vernácula que me maltrata a cada pronome de tratamento, não é meu lugar.

A Dor do Outro não é minha.
O choro e ranger de dentes não é meu.
Não é meu lugar pra falar disso.

Mas há.
Está ali.
Existe.

Reconhecer os privilégios para abafar a própria culpa.
Retroceder na fala dos privilégios e escutar.
Calar essa minha boca e escutar.
De uma vez por todas: ESCUTA!

No envergonhamento, na censura, na privação, na vigilância, na obediência, na ameaça pairante de uma silenciadora verbal na minha testa. ESCUTA!

Não é meu lugar pra falar certos tópicos.
E não me atrevo mais.
Não comparo mais.
Não associo mais.
Não relaciono com quê.
Apenas não.

Não é meu lugar.
Não é omissão, é entender que não é meu lugar de fala.
Não é meu íntimo, não é meu corpo, não é meu fardo social comunamente programado para ser exterminado pelo Estado, pelos meus privilégios, pela minha língua materna.

Não sou eu. 
Não é você. 
É o Outro. 
Ele quer falar. 
Ela quer falar. 
A pessoa quer falar. 

Então não é meu lugar pra falar.

abandono à favor de algo edificante.


Então.

Assucedeu-se que para valorizar a minha integridade e saúde mental, resolvi abandonar uma famigerada aula.

A medida drástica se deu devido motivos extremamente importantes que deveríamos discutir mais vezes entre os discentes e docentes. Tipo mansplaining, gaslighting, maninterrupting, anacronismo, falta de responsabilidade social.
A famigerada aula tinha um potencial incrível de fazer a geração da Biblio e Ciências da Informação de contribuírem - mesmo que em menor escala - com as questões de acessibilidade e inclusão digital/social dentro do curso. Temos diversos problemas nesse requisito devido a infraestrutura do centro e do campus, mas com uma disciplina dessas seria promissor realizar um trabalho de campo nos diversos órgãos que o campus possui para facilitar e otimizar a vida de quem antes não era nem cogitado em estar ocupando uma carteira no ensino superior.

Mas aí o que ocorre?
Aquele erro crucial incrível que nós gamers chamamos de #EPICFAIL ao termos um exemplo de o mínimo de didática possível para instigar os estudantes a se aprofundarem nesse assunto. Ou se interessarem. Ou sei lá. Pensar nisso já me causou muitos problemas em anterior experiência. 

Não estou pedindo life changes, apenas fingir.
Sorrir e acenar. 

Desconhecer os órgãos da universidade que promovem Acessibilidade foi o mínimo, o pior foi receber a resposta ao questionar sobre se conhecia os locais (no próprio centro HÁ uma fucking Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão FFS) de que se eu mandasse por email com todas essas informações, ele daria aula sobre elas. 

Detalhe: pros de cinco dígitos na conta todo final do mês, beleza. Legal mesmo é ver a turma de bocós não aprendendo nada edificante pra vida de bibliotequeros. Sim, pessoas, vocês são bocós e estão se prejudicando por não saberem se organizar direito. Por não buscarem seus direitos. Por não levantarem a mão e questionar. Eu sou bocó também. Eu desisti. A bocosidade também me pertence.

Dali já sabia que minha Sanidade não merecia ser minada por incoerência. Dali não apareci mais na aula, e dali minha vida acadêmica foi se tornando bem mais feliz e aceitável. O problema é: com um registro de Frequência Insuficiente não tenho mais direito a estágio na dita universidade no próximo semestre. Se eu pensei bem antes de fazer isso?
Eu sei meus limites.
E os gatilhos.
E igualmente a morosidade das instâncias.
E a desorganização estudantil que meus colegas parecem sádicamente propagar quando algo assim acontece (botar o seu na reta por uma causa de urgência não, arruinar com ensino de qualidade, yep, bora lá!).

Então você que passa por esse aperto em alguma fase do curso de Biblioteconomia da universidade dos Megazords, não se preocupe: proteja a sua saúde mental primeiro.
Pelamoooooor, mantenha sua integridade mental.

[Editando porque olha só final de semestre!]

11 novembro 2017

Eu sonho vidas inteiras de vez em quando

Post levemente patrocinado pela playlist da Sofrência da Alma Torturada que é até bonitinha com umas músicas dos anos 80 que dá pra rir.



Há alguns sonhos que me deixam esgotade quando acordo.

Quando há detalhes demais para absorver, lembrar sem querer, conectar pontos, relaxar no sono e curtir o REM. Nope. Esses sonhos geralmente tomam parte de todo um tempo que não consigo medir exatamente em horas reais, mas que lá, no Mundo Onírico me toma quase uma vida toda. Urrum.

Eu sonho vidas inteiras de vez em quando.

Debaixo do link, mais uma daquelas filosofações após ter sonhos estranhos com detalhes.

07 novembro 2017

a privação predatória

A tradução tá bem por cima, gente, mas a mensagem... Foi realmente lá onde queria chegar quando penso nessa de socialização de gênero e vivência como pessoa não-binárie e sim o que ando lendo sobre experiências das pessoas nisso tudo - se substituir algumas coisinhas ali, encaixa direitinho em como muit@s vivem.

~ Todas as lésbicas com que falei concordam que uma das coisas mais humilhantes e desmoralizantes é ter uma garota hétero pensando que você está (conversando) vindo até elas simplesmente porque você gosta de garotas e isso ... realmente ferra com nossos relacionamentos platônicos e românticos, porque enquanto as outras garotas se sentam nos colos das outras, e dormem nas mesmas camas e pegam na bunda umas das outras por diversão, estamos colocando tantos muros apenas no caso de nossas amigas héteros (não) acharem que estamos atrás delas.
e por nossa concepção de relacionamentos com outras meninas em geral é tão fodido e reprimido que não temos idéia de como navegar em nossas emoções quando realmente nos atraímos por uma garota e queremos chegar perto.
Vocês reblogando com "as meninas hétero / caras gays experimentam isso também" ... .nah, isso não é sobre pessoas que pensam que você as quer, é uma experiência excepcionalmente atrofiante para lésbicas que estão excluídas do desenvolvimento de amizades e se comportando ao redor de outras garotas de formas em que todos somos socializadas para (entender que), porque nos julgamos / os outros nos julgam como "predatórias"




Esse tópico me é particularmente delicado por ter/ser/absorver esse julgamento de "predatório" sem ao menos fazer jus ao título. O que a heteronormatividade compulsória nos obriga a ter papéis bem distintos e quadradinhos na socialização em grupos específicos, entre os potenciais pares do LGBT apenas consigo visualizar esse distanciamento entre forma de expressar seus sentidos/pensamentos e a forma como é o entendimento exterior.

05 novembro 2017

[conto com angie] a loja de quinquilharias de Madame Fabulária parte 1

Título: a loja de quinquilharias de Madame Fabulária (por BRMorgan)
Cenário: Projeto Feérico.
Classificação: PG-13.
Tamanho: 5.974 palavras.
Status: Incompleta - PARTE 1 - PARTE 2 - PARTE 3.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feérico que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x] - sim, vai ter três partes e CROSSOVER! (Porque metade dos esquema já tá rascunhado)
Personagens: Angie, Madame Fabulária, Raine, Prince, Smithens, Nakitsumoto, Tobby, Emílio.
Resumo: A lendária Loja de Quinquilharias de Madame Fabulária finalmente aportou na metrópole onde os caçadores de quimera vivem. Junto com as esplendorosas maravilhas que o loja pode trazer para os habitantes feéricos, há também certa tensão sobre quais intenções da enigmática e antiga dona do lugar. A regra geral da Loja é: somente entra quem Madame Fabulária quer que entre.



===
Entrar na Loja de Quinquilharias de Madame Fabulária era um segredo para poucos.
A Feérica milenar não deixava qualquer um ultrapassar o solado entre o último degrau da escadinha para o porão de um prédio qualquer da Metrópole. E os poucos escolhidos que entravam ali eram afortunados por algo que nenhum outro local na grande cidadela poderia oferecer: glamour dos tempos antigos, produtos exóticos, artefatos lendários de imenso poder ou apenas de enfeite.

Madame Fabulária era uma lenda entre os mais velhos, até entre os mais sábios lembravam em como ela havia chegado ali naquela mesma cidade, sem nenhum plano ou apresentação formal a hierarquia. Encontrou o porão de prédio ocupado por um empório de um turco falido, decidiu casar com o cara e pronto, se instalou como a "Madame que tudo sabia".

Poucos discordavam com essa versão da história. 
Era difícil ter uma versão verídica de como os Feéricos mais antigos chegavam na Metrópole justamente por não haver registros escritos na principal Casa dos Saberes sobre o assunto. Tirar essa história da pessoa em si era mais extenuante ainda (Se não, perigoso demais.).

A Madame continuava a mesma de quando chegou. 
Baixinha, um pouco curva no lado esquerdo do ombro, olhinhos puxados com aquele resquício de desconfiança da idade, cabelos volumosos de cor vermelho rúbio que jamais saíam do tom. As roupas traziam uma mescla de sua descendência feérica das terras desérticas e os exóticos apetrechos da cultura do oriente dos Filhos-mais-novos. Ela não escondia seu orgulho por pertencer a ambas culturas e por muitas vezes entrou em brigas políticas devido suas opiniões mais fortes nos Conselhos. Por ter esse privilégio adquirido por anos de experiência, Madame Fabulária sempre dava a última palavra em tudo que acontecia dentro de sua loja (Em outros lugares também, mas poucos comentavam). 

E os preços também. 
Devido a esse pequeno detalhe que fez Ângela Filha dos Ventos entrar pela primeira vez na Loja com passos apressados, apontar para algo na vitrine empoeirada e cheia de teias de aranha e exclamar com voz esganiçada:

- Tia, tá maluca de cobrar três mil pila por sementes de girassol flamejante?! - a reação da senhora atrás do balcão, lixando as unhas impecáveis e contando moedas douradas foi de desprezo fingido. Ela nunca havia visto aquela menina na sua longa vida e muito menos dado permissão para ela pisar dentro da loja. Essa era a regra primordial: somente entra quem Madame Fabulária quer que entre. A menina era a exceção. Por que depois de tanto tempo naquele lugar a regra criara uma exceção?

03 novembro 2017

aquele momento de supercorp trash na vida de fã

Oi,


Apenas passando aqui pra dizer que o último episódio de Supergirl me distraiu tanto com a questão "workshipping" Kara e innuendos sobre Personal Jesus pra Lena que nem prestei atenção no restante do contexto. Até esqueci que Sanvers vai acabar no próximo episódio, pois a Floriana Lima resolveu sair do seriado.

Just FYI: uma aba aberta aqui com cerca de Supercorp fanfics (4.547 até então), sendo temática BDSM (80), parece que Dom!Lena (21) e Sub!Kara (36) é mais elevado que Dom!Kara (13) e Sub!Lena (7).


Nem preciso dizer o quanto os roteiristas são PÉSSIMOS em entender que tudo pode virar regra 34 e se o episódio lastimável da Comic-con em julho serviu de aviso pra gente que acompanha a série a não servir de queerbait pra esse povo, então apenas parem de colocar hints de que algo vai acontecer.

É que nem Once Upon a Time entre SwanQueen. Tá lá, tá na cara, tem pausas dramáticas, olhares fulminantes trocados, mas não acontece nada devido a hetenormatividade compulsória impregnada nos enredos. Nem vou entrar em detalhes quanto a Bering&Wells: foi a minha primeira lição de que a Tv NÃO ESTÁ preparada para lidar seriamente com casais homoafetivos e as implicações desses no cotidiano de um seriado. 

Tá difícil de ser nerd assim.

[EDITANDO: Aí Lena Luthor Trash fez a recap do episódio e BOOM! Headcanon comprovado só ali - porque a CW NÃO VAI fazer isso]





29 outubro 2017

interlúdio pra hipocrisia

Vou falar mal da minha própria postagem, porque tou no direito.

Estava a deliberar - devido um puxão de orelha lindo ao corrigir um texto muito legal de uma colega sobre branquitude, rasura do sujeito e políticas discriminatórias que nosso país anda (re)vivendo - algumas opiniões que carrego comigo há um tempo sobre a questão de privilégios sociais.

Isso bate perfeitamente em como enxergamos as pessoas em nosso convívio, tanto para o bom quanto para o ruim. Me vem a mente também um discurso awesome que a fessora Mestre Jedi mais awesome (redundância É aceita nesse caso) que tenho fez na turma de formatura em que eu deveria estar formando esse ano, pois a questão de privilégios causa embaraço, envergonhamento, intimidação. Ela partilhou desse texto um tempinho antes de finalizar e perguntou até em que medida estava cabível para não alarmar as sirenes piscantes ululantes de certos círculos.

Aí lá vou eu escrever uma postagem sobre enrustid@s, um lugar/estado em que me senti pertencente por muito tempo devido ao não privilégio de algumas sensações carnais proibidas pela sociedade vigente, mas ao mesmo tempo me dando um privilégio - ao não sentí-las - de entender melhor quem são os Outros. Sim, esses do Sartre, aqueles que são o Inferno.

Ao reler o texto anterior desse blog - e não pensem que não faço isso com frequência, é uma ferramenta para eu tecer novas amarras e tecituras, achar onde estavam meus nós e desatar algumas ideias presas, as ideias enrustidas, here we go again, são o meu maior pesadelo acadêmico - senti que fui um tanto incisiv@ em tocar no assunto sem antes haver um ruminamento de como isso poderia de alguma forma ofender alguém.

E ofendeu.
Então, assim - vou me autocensurar e botar debaixo do link pra carapuça só servir pra quem apertar. Faz menos estrago e a minha própria carapuça se autoajusta.

Hipocrisia, a gente vê por aqui nesse blog também.
(Ninguém escapa!)

28 outubro 2017

enrustid@s

Quando acha que não vai acontecer, aí tem dia que dá todo o motivo para continuar uma postagem como essa abaixo.






¯\_(ツ)_/¯







Debaixo do link: Já avisando, se serviu a carapuça, o problema NÃO É mais meu.

25 outubro 2017

a@s fessores, aquele abraço!

Deix dias atrasado, mas hey! Quem disse que memória tem que ser periódica?!
Até onde sei, esse blog apenas me serve como terapia alternativa, vazão criativa e caso de emergência para algum caso futuro de amnésia.

BTW, era para postar no dia 15 de outubro, então...
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Hoje é Dia dos Professores! Yey!
A profissão mais responsável e séria de todo universo.
Já escrevi sobre ela aqui [x] e volta e meia vou citando a bendita da docência (in)decente aqui no blog. Por que isso? É de família.

Não é legado não. Nem maldição. É tipo algum plano bem obscuro de manipulação mental que ainda não entendi direito como se faz.

Eu gosto muito de professores.
De incomodar bastante eles também.
Pois caso não tenham percebido, vocês são responsáveis por muita coisa que vai acontecer no futuro. Médico cortando cordão umbilical é pouco comparado com a (des)construção de vida que um professor é capaz de fazer com uma pessoa. E como eu acabo direcionando toda minha atenção para quem faz o trabalho com excelência (ou não), é possível perceber o quanto eu os adoro.

É porque eu quero mesmo ser professor algum dia desses, tipo num futuro distante.

Minha mãe já foi, minha irmã continua sendo, agora parece que só falta eu aprender os paranauê. Na universidade dos Stormtroopers aprendi que deveria ficar beeeeem longe do lugar/pedestal na frente de uma classe de carteirinhas enfileiradas, acabei tropeçando nas promessas e cair na Biblio. E aí a coisa mudou.

Mas a histórinha? Sim, tem que ter! Senão não tem reflexão do papel social em que estou inserida desde criança, né? Debaixo do link alguns professores que me fizeram acreditar num mundo melhor.