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04 abril 2013

[conto] as quartas-feiras

[conto curtinho crossover para Forgiven Jojo Ulhoa, um conto que escrevi em 2007]

A semana começava no domingo, o dia em que não trabalhava e nem descansava, mas passava boa parte de seu tempo no parquinho na frente de casa servindo o seu papel muito bem. Os gritinhos de alegria e de comando, a areia entrando nas barras da calça, os baldinhos que viraram de cabeça para baixo para serem castelos de areia próximos um do outro. Muitos brinquedos eram despejados aos seus pés para recorrente manutenção e empréstimos entre as dezenas de crianças que lotavam o parquinho do bairro pacato e ensolarado em Nova Orleans.

A sua criança deveria ter uns poucos anos, crescendo exponencialmente com a quantidade absurda de vitamina de maçã e leite, mimos e agrados, exercícios dentro da banheira enorme de sua casa enorme ali mesmo no bairro pacato de Nova Orleans. Financiada, paga com tanto sacrifício que precisou esquecer sua própria vida para poder ter o sonho da família feliz. O marido estava bem ali com os amigos de domingo. Todos igualmente pais de família, todos atarefados durante a semana que o domingo se tornava um dia simbólico para todos envolvidos, quase como um ritual semanal de repor as energias gastas na sociedade capitalista e apressada lá de fora do bairro pacato de Nova Orleans.


01 dezembro 2009

electra

Agora voltando a ler a Oréstia (E alguns poemas de Eurípides) e sobre a saga da família de Agamemnon, eu consigo entender porque deixei a Sorena ser o que é.

electra & orestes

Não é o complexo de Electra, k? É a personagem secundária da Oréstia, a filha mais velha de Agamemnon que vive atormentada pela morte de sua irmãzinha Efigênia - sacrificada pelo pai para fazer os navios gregos saírem para invadirem Tróia - e acaba pirando na batatinha.

A única coisa que Electra pensa é encontrar seu irmão menor Orestes e se vingar da mãe. Ela desconhece o que o pai fez com a irmãzinha e acha que quando a mãe Clitemnestra matou o pai com seu amante Egisto, é porque queria se livrar do poderoso Rei.

Ilusões. A gente vive disso, lembra?


A Sorena ACHA que foi abandonada. Ela ACHA que se vingar de quem a tirou de casa (Casa = dos Windrunner) merece sofrer eternamente. Ela ACHA que ao sair de Goldshire e ir atrás de seus parentes isso vai ajudar em alguma coisa. Mas não ajuda, só complica. Saber que todo mundo morreu/voltou dos mortos/mudou de nome é para ela como saber que a própria mãe matou o pai por motivos bobos (Electra).
Ela só não quer vingança como apagar um pouco da culpa que tem na história - culpa que nem ela sabe da onde veio ou se é legítima.
Às vezes a culpa faz ela pensar irracionalmente - assim como Electra faz procurando o irmão Orestes APENAS para fazê-lo matar a mãe Clitemnestra - tratar mal quem não merece e fazer pouco das autoridades.
Traduz-se aí: Sylvanas = Clitemnestra (A que cometeu o "assassínio" de sua identidade)
Forsaken = Egisto (O que ajuda e se apóia aos desígnios de Clitemnestra por amor e devoção).

Sorena não encontrou o seu Orestes, o alguém que vai dar cabo da vingança cega - eeeeh obrigada professor Alexandre pelas aulas de Literatura Clássica!! - o alguém que vai livrar ela de todos os temores, e juntar os fragmentos e trazer paz pra sua alma.

As duas pessoas que ela achou que poderiam fazer isso estão no extremo oposto da trama. E uma delas decidiu dizer "não" para doidera da menina e dizer o quanto ela está enganada.
Eu poderia comparar a pessoa - diga-se Imladris - a própria deusa Atena, que aconselhava e julgava quem fazia coisa impensada na época. Immie tenta de tudo para convencer Sorena que as coisas não funcionam como ela imagina. Conversa, mostra o mundo dos Forsaken para a menina, demonstra - como embaixadora da Horda - como a paz pode ser conseguida no diálogo, não na porrada eterna que a Aliança tanto promove (E promove sim! Varian FAILS em não saber conversar com os outros e deixar o próprio filho ser sequestrado por uma dragoa!).
E isso adianta?

Não, porque para Sorena o mundo se resume ao:
1 - Quem eu sou = Talvez uma Windrunner;
2 - O que sou = Uma Warlock;
3 - Quem eu não posso ser = Ser filha, mãe, amante, priest, mage, rogue, goblin, murloc.

Ela não tem idéia de planos futuros porque ao chegar em Undercity e encontrar quem mais amava no mundo - Sylvanas - e ver que tudo já estava perdido - helloooo? Ela está muerta? Ela não é mais a Windrunner que Sorena idealizava - ela enlouquece aos poucos. A notícia de que ela talvez esteja com a Nova Praga também extirpa qualquer pensamento bom de sua cabeça para um futuro melhor.

Não há saída e não há como voltar. Mas há como atormentar quem fez isso de alguma maneira. E é isso que ela faz. Em questões práticas de enredo, Sorena é que é a verdadeira "vilã" da história. Ela é a estrangeira que quer mudar tudo ao seu modo. A Alliance está nela mesmo ela não querendo. Não porque ela aprova o modo Alliance de ser, mas porque na concepção dela de mundo, mortos devem estar mortos, vivos devem viver.

Mestre Derris foi uma péssima influência para ela, por assim dizer. Ele vivia atrás dela demonstrando que há vida na morte, mas toda essa vida era inegavelmente amaldiçoada. Que estar a par dos mortos era ser cúmplice da maldição. Que depois disso só vai piorar.
Derris também guardava mágoa por Sylvanas. Em muitos trechos ela sequer trata o Forsaken como Forsaken, não porque ele não seja fiel à ela (E depois vemos que ele já se libertara da influência da irmã-gêmea por opção.), mas porque já sabe como vai terminar tudo aquilo.

Derris/Sylvos é Agamemnon que prefere sacrificar a filha para deixar os barcos irem para uma guerra perdida. Sorena não entende esse aspecto do pai, na verdade ela mal sabe se pode confiar nele por toda confusão do: Morto bom e morto morto.

Aaah a segunda pessoa que Sorena tentou fazer de Orestes era a Kalindorane, mas acabou que o tiro não só saiu pela culatra como foi direto para um lugar que ela nem imaginava que existia. O coração.
Quando a Kali diz que vai se casar com Lethvalin é como se nada mais houvesse para a elfa fazer da vida. A motivação parou ali mesmo. A curiosidade posterior era só para preencher um vazio emocional de ser rejeitada involuntariamente pela pessoa que ela achou que poderia completá-la.

(Se eu fiz a seguinte pergunta: Pessoa 1 casada com pessoa 2, mas descobre que pessoa 3 gosta dela desde muito tempo. O que pessoa 1 faz? Larga pessoa 2 e vai atrás de pessoa 3? Mas se não há amor de pessoa 1 para pessoa 3 - no máximo uma amizade esquisita e turbulenta - o que fazer então? Ninguém me deu uma resposta boa até agora. Situação de risco: Pessoa 3 é extremamente passional.)


O achar de estar sendo abandonada se provou como certeza depois desse episódio. Sorena não tem ninguém, nem lugar para voltar. Ela queria muito isso de certa forma, por isso diz a Immie em Dalaran o quanto a inveja pelo que tem e pelo que conquistou e pela força de vontade que a clériga tanto tem para perseverar na Horda.
Sorena pode tentar cativar as pessoas e fazê-las até suportar seu modo de viver, mas não importa o quanto ela tentar, ela sempre vai tentar converter alguém para ser seu Orestes.
E definitivamente isso assusta um bocado.

Se ela vai conseguir ou não, aí é outros quinhentos.
Se ela já pensou em ser Orestes? Também não. Ela sequer tem idéia do que realmente faz para dar cabo de sua vingança idealizada. Ou talvez ela seja covarde demais para se arriscar. Electra era covarde e foi até o último momento em que viu Orestes matando a mãe.

Se Sylvanas sabe disso? Sabe. Mas não faz absolutamente nada porque não sabe o que aconteceria se a sobrinha encontrasse a "sua verdade". Melhor acolher o confronto em casa do que ofertá-lo ao seu pior Inimigo.
Aaah Sorena tem uma certa admiração por tudo que é contra Sylvanas e os Forsaken. Por quê? Porque em potencial pode ser seu Orestes. Porque as visões que Sylvanas a fez ter desde Undercity até Tranquillien na Parte 2 era para a sobrinha ver a realidade da tia.
Se a Sorena entendeu o recado? Não.
Ela só repetiu o comportamento (Aí entramos em uma questão psicanalítica sobre elaboração de comportamentos. FREUD EU TE ODEIO!!).

Sorena prefere ver a tia morta de vez do que vê-la morta-viva.
(E tio Midorin me disse que aboliram o hífen entre mortaviva, feio hein?)
E se for pela mão do Arthas, que seja.
Se for pela mão de outra pessoa, melhor ainda.
Ela não suporta a existência em pedaços da tia, porque ela AINDA acha que Sylvanas é sua tia. Ela AINDA acha que pode consertar a realidade atual mudando o passado.

Nota para posteridade: Não deixem a Sorena se aproximar da Caverns of Time. Ela vai querer ir pra Old Stratholme e fazer QUALQUER COISA para Arthas não invadir a cidade e matar os habitantes.

Eu sinto que tenho MUITA coisa para escrever sobre o comportamento absurdo da elfa que agora faz parte de mim sem querer (Todos os pensamentos ruins vão para ela. Meu Ego virou minha ID!! F**K!), mas fico por aqui porque tenho que trabalhar.

Alguém quer ir pegar fila de banco comigo?