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27 julho 2017

O que fica pra trás


Quando a gente desiste de ser trouxa, muita coisa fica pra trás, umas que dava pra conservar, mas que por precaução vamos manter bem dormentes e trancafiadas pra não cair na mesma trouxice. Outras a gente deixa porque senão endoida o cabeçote. 


Debaixo do link, catarse.

O grande mistério de se ter enfiado em um relacionamento classificado como abusivo - há várias marcas, traumas, lembranças, todas apontando que sim, foi abuso psicológico sim - é que a linha tênue entre a cumplicidade e a culpa é bem fininha. 

Porque cê não vai saber distinguir até que ponto você se deixou a ser vítima daquilo pra também ser a pessoa abusiva ao mesmo tempo. Isso desgraça a cabeça, gente, sério. 

Tem coisas que lembro que não eram nem pra estar rememorando, e a pergunta sempre é a mesma: "Como é que fui cair nessa?!" - e aí ponderando todo o contexto, desde as chantagens emocionais, as ameaças e as DRs que me sentenciavam a cavar mais um metro no buraco que estava me enterrando e os momentos bons e felizes e fofos e plim, não é mais nítido entender o que era pra ser e o que era manipulado. Qual ponto eu também não prejudiquei a pessoa da mesma forma que ela f**** com qualquer possibilidade de eu ver um relacionamento com carinho, amor e atenção. 

Até eu saber que a pessoa continuou a fazer isso com outras pessoas além de mim - logo a culpa possivelmente pode diminuir, já que o problema maior não era eu. 

É difícil saber quando essas memórias vão desintegrar com o tempo, não sei se o que vi/fiz/ouvi pode ou não ter sido considerado como uma parcela de culpa nessa bagunça toda que se tornou minha realidade, se a depressão que tava no nosso agudo que fez as decisões ficarem piores, o bom senso ir pro limbo cósmico, se vou conseguir me recuperar e ter uma vida prestavel. 

É isso que desgraça mais ainda a cabeça. 
Eu não sei mais se tem conserto. 

E a problemática que já citei em postagem anterior, ela cresce exponencialmente quando tenho vontade de ser alguém melhor do que aquela pessoa de antes. Não quero me envolver com ninguém porque me horroriza o fato de repetir o mesmo ciclo, não pelo fato de ser deixada em segundo plano, em ter parte das minhas faculdades mentais virarem pudim sem caramelo, é de se provar mesmo que tudo que a tal pessoa costumava vociferar é real de fato minha culpa: eu sou o problema. Eu não tenho mais como me consertar. 

Romantizar não é mais um conforto. É um alerta. 

Oh well, um dia de cada vez.

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