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04 janeiro 2016

em 2016 eu quero ser como...

Essa loirona mercenária aqui.

"Sou muito irresponsável, mas faço a coisa certa."

Chelsea Joy Handler é uma comediante estadunidense diferente de uma porção de comediantes que já fui dar uma olhada. Apesar de não apreciar muito stand-up comedy - e ser a especialidade dela - a loirona me cativou em seu notório programa no canal E! "Chelsea Lately", um talk show tão fora do padrão que chamou atenção de muitas pessoas da grande indústria do entretenimento.

Primeiro porque a Chelsea não tá nem aí para o que os outros falam e muito menos os famosos, a proposta do programa era fazer sketchs de assuntos polêmicos no começo, depois pular para uma mesa redonda com outros comediantes menos esquisitos que ela - Whitney Cummings de "Whitney" é de lá, assim como o fofo do Ross Matthew (s2), oh oh! Margaret Cho já apareceu por lá também! - e jogarem conversa fora com as celebridades que a própria emissora E! idolatrava. Depois um momento de talkshow com algum convidado, o que rendeu muitas aparições inusitadas. Chuy "Little Nugget" Bravo foi o escudeiro de Chelsea durante os 7 anos e trazia mais nonsense para o cenário do talk show.


O humor era do sarcástico/ácido pra cima. Chelsea não precisava usar palavrões para deixar alguém sem graça, porque as tiradas dela são da mais pura ironia que fura o concreto. É isso que admiro na criatura. Ela é extremamente Boss Bitch over 9000 e sabe como isso ao seu favor. É o tipo de humor que não te deixa desconfortável com a rudeza dela (Tá certo que às vezes ela pega muito pesado com certas pessoas, mas hey! Lembrar que todo mundo é igual é sempre legal!), mas de esperar qual é a próxima coisa que ela vai falar para desconstruir todo uma situação. E não é uma desconstrução com argumentos pautados na situação, ela simplesmente vai jogar na cara do emissor o quão babaca e ilógico que ele é.

"A única pessoa que realmente estou tentando divertir é eu mesma"

Uma das coisas que me cativa nela é o quanto ela aproveita do discurso ilógico e incoerente do mundo do entretenimento e das aparências sociais e joga de volta uma bola de questionamentos diretos e nada convencionais. É mais ou menos estar no modo "Fuck the Police!" 24 horas por dia e não sei como ela consegue manter o ritmo - mais outra para o pote de admiração. Sendo judia, white-upper class e mulher, ela aproveita essa forma de se expressar (Ser comediante) e também questionar os seus colegas de profissão, volta e meia ela dá a real de ser uma minoria dentro da indústria da comédia e esfrega com prazer na cara de todo mundo que ela só conseguiu algum sucesso sendo uma completa bitch.

"Pessoas são tão irritantes."

Sim, tem vezes que assisto alguns programas dela e fico: "Holy sheep, como essa mulher é egocêntrica e sem coração!", mas aí lembro que se é um papel que ela está a desempenhar como comediante, está fazendo bem ao confrontar o status quo da maioria de homens no politicamente correto ou no extremamente mau-gosto da comédia americana. Em nenhum episódio de Chelsea Lately que assisti a vi sendo sexista, racista ou proclamando preconceitos tão enraizados na sociedade americana (Ela faz parte de uma minoria já avacalhada pelos comediantes, poxa), e quando ela tocava nesses assuntos era para simplesmente pegar o argumento e jogar no fundo da lata do lixo e chamar quem fosse de idiota por não saber fazer piada direito. Porque para Chelsea Handler o mundo parece se resumir a essa frase aí acima.

Continuo querendo ser como ela, porque o jogo de palavras, a manipulação do discurso, o sarcasmo inerente a situação me atrái como mariposa na lâmpada da varanda, é um modo de ver a vida numa crueza que a única alternativa é rir ou fazer piada com isso. Porque vamos ser sinceres aqui? A vida não é fácil, as pessoas tornam o que já não é fácil, pior ainda e se não aliviar isso com comédia nua e crua é pedir para ir pro poço com a Samara...

"Você deveria sempre falar o que passa na sua cabeça e ser ousado e detestável e
 fazer o que seja que você queira e não deixar ninguém te falar que não pode fazer isso.
"

Após ler alguns textos e divagar com algumas pessoas sobre como é essa sensação de não me sentir à vontade com meu próprio corpo (ainda o probleminha de não me reconhecer no espelho, tá diminuindo) é que fui vendo como é o processo de se desapegar do mundo cotidiano e de certos comportamentos tóxicos pra sanidade (E Cthulhu já faz um bom trabalho, gente, não preciso de uma forcinha extra, tá?) funciona. Recalcular algumas atitudes e procurar um bocado dentro do inventário interno nosso é uma tarefa bem difícil de se manter com certa frequência, mas quando vejo que há uma fagulha de reconhecimento em em alguém ou algum lugar - reconhecimento aqui como me sentir segura, confortável e sem medos - mantenho contato para verificar até onde posso aprender com tal lugar/pessoa, etc. Faz parte do crescimento, a gente acaba se espelhando nas outras pessoas para delimitar a nossa própria evolução.

"Você apenas seja honesto sobre quem você é,
e se no final não fica sem amigos então bom para você.
"
Mesmo que seja na figura da loirona mercenária, sarcasmo ao último level, citada nesse texto.

Por ser deveras honesta, ela já levou uns processos jurídicos - ela é proibida de entrar na Sérvia após declarar que não gosta de lá, várias e várias vezes - e também arranjou uns probleminhas no canal onde atuava, mas aí como qualquer pessoa que "I don't give a fuck!", ela decidiu fechar o Lately e ir fazer o que quer lá no Netflix. Esse ano vai estreiar seriado novo dela - já teve um baseado no livro dela chamado "Are you there, Vodka? It's me, Chelsea." de 2008 que estou tendo o prazer de ler e entender melhor a figura - e estou esperando ansiosamente pelo o que vai vir.

Obrigada tia Handler!! Minha vida no lolz não seria a mesma sem sua sabedoria!


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