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02 novembro 2015

interlúdio - autonomia



[...] I stared into the light
To kill some of my pain
It was all in vain
Cause no senses remain
But an ache in my body
And regret on my mind
But I’ll be fine

Cause I live and I learn
Yes I live and I learn
If you live you will learn
I live and I learn


Autonomia é uma palavra que assusta.
Para o mais sábio, o mais burraldo, o menos ajustado, o super engajado, autonomia conota algo como um superpoder.

Quem dera.

Substantivo
au.to.no.mi.a [feminino]
1. capacidade de fazer as coisas independentemente, por si só.
2. distância que um veículo percorre com o combustível na capacidade máxima

Etimologia
Do Francês autonomie, derivado do Grego αὐτονομία, -ας: αὐτος próprio, si mesmo + νόμος lei, norma, regra
Creio que ao se atingir um equilibrio pleno de suas funções físicas e suas faculdades mentais seja o objetivo mínimo para ter uma vida feliz. Com ou sem companhia, com ou sem Amor, com ou sem diploma, com ou sem autonomia, mas ao me perceber em uma situação conhecida de estar perdendo essa autonomia por imposição sem querer querendo de pessoas ao meu redor, tive que dar um freio básico e abrir a conchinha do Gary novamente.

A powha da adultice não é fácil. Falam que é moleza quando somos novinhos, mas nada disso é real. É tipo um rascunho bem garranchado daquilo que você imaginaria que seria. Nossos pais e responsáveis não estão preparados para nos deixar viver com autonomia, a sociedade não ajuda muito, o modelo patriarcal orienta terminantemente que sua vida tá moldada dentro dos parâmetros de mendigar atenção, carinho e de sempre pedir satisfações para quem você pensa que ama. 

Isso não é preocupação, é querer controle daquilo que não te pertence.

Analisando algumas coisinhas que aconteceram nesse mês de outubro - e todos os outubros que já vivi de certa forma, terei que fazer o favor de produzir boas lembranças para esse bendito mês, porque a memória não tá ajudando mesmo - creio que o aspecto materno e protetor de certas pessoas anda barrando a minha autonomia.

Aquela autonomia de se ter controle de si mesma, saber seus próprios limites e fazer aquilo que acha mais pertinente nas situações diárias que não vá prejudicar a si mesma ou aos outros. A autonomia tá bem perto da alteridade, porque as duas dão um espacinho bacana entre o seu eu e o outro. E Sartre tava meio certo-errado nessa: O inferno são os outros.

Mas o mármore branco pelando nas solas dos pés começa com a gente mesmo.

Parte dessa preocupação com a autonomia vem sendo internalizada em cada coisinha que ando fazendo para atingir alguns objetivos - acadêmicos e profissionais principalmente - há certas coisas que você precisa experimentar no pulo para entender como é a mecânica da alteridade na autonomia (Ou a autonomia na alteridade).

Nas duas situações, me peguei perguntando as seguintes questões:

  1. Por que estou me submetendo a isso? (No caso outrém demonstrando o comportamento de controle sob minha pessoa)
  2. Sou obrigada a participar do mesmo jogo prejudicial de sufocamento social que algumas pessoas provocam sem saber?
  3. Tais pessoas incentivaram a autonomia das pessoas ao seu redor até agora ou estão apenas procuram por controle o tempo todo?
  4. O mais importante aqui: Pagam minhas contas? Lavam a minha roupa? Dormem comigo?

Com essas questões resolvidas com um simples: "Nope", deu para seguir as semanas sem o susto de estar overthinking demais. E isso, camaradxs, é algo que jamais deixarei atrapalhar a minha vida de novo.

Quando algo que denotasse esse comportamento de querer o controle vindos de tais pessoas, me afastar do foco foi preciso. Quanto menos atenção chamar para mim mesma, menos munição vai ser descarregada nos meus cornos. A segunda atitude foi de elevar a voz e ser rude, uma coisa que não faço nem a pau Juvenal - odeio conflitos de qualquer espécie, muito menos me sinto confortável em me impor sob alguém através de duelo verbal. Mas foi necessário para que o baque de limites sendo ultrapassados fossem entendidos e demarcados com canetinha colorida (De cor bem gritante de preferência). O próximo passo seria totalmente ignorar e deletar as criaturas do meu convívio, mas aí eu não estaria sendo coerente ou madura. E a autonomia te obriga a ser madura o suficiente para entender que as pessoas tem essa mania estúpida de querer controlar o que você faz ou deixa de fazer.
(E achar que você está omitindo informações porque quer poupá-las de detalhes. Na verdade não há informação alguma e definitivamente na altura do campeonato, não dou mais a mínima pra me ater a detalhes. Já vivo nos esqueminhas da paranoia, gente, não preciso de mais ninguém botando lenha na fogueirinha)

Ouvi algumas vezes de que eu havia mudado e estava distante. Isso tem nome: Conchinha de Gary, meu refúgio básico e primordial para me recuperar dessas absurdidades que a vida nos manda. Eu não vou a lugar nenhum, continuo aqui, apenas entro no modo standby e fico observando até conseguir ter pernas para andar de novo. Poderia muito bem desistir da manutenção da conchinha e dar uma banana para a autonomia, mas me recuso terminantemente a voltar a ser sufocada por controle exagerado de terceiras partes. Essa não é mais a minha vida, isso não é mais o que quero, definitivamente não é algo que edifica, ou é construído com algum tipo de alicerce bom.

Vai ver que é por isso que não consigo ter ciúmes ou deveras possessividade sobre pessoas e coisas. Não faz sentido! Para quê vou cobrar algo para alguém que indiretamente vai fazê-lo perder sua autonomia, seu estado natural de livre-arbítrio? Por que raios vou atrapalhar o fluxo com sentimentos tão carregados que impregnam em quem está sentindo e propagando, assim como quem está recebendo a carga e sendo atingido em cheio?

Como disse anteriormente, esse mês foi prova de fogo com direito a um alvo bem grande na minha testa, muitas surpresas, muitas emoções, uma perda significativa na vida da família, muitas lembranças boas e ruins, muitas impressões de que algo estava indo pro lado errado e gritos. Sim, houveram alguns. Nada é perfeito, mas fazer o possível para se pelo menos acreditar que tá indo tudo certinho, já é um começo.

Até porque pessoas mimadas como eu (cês sabem, aquelas que tem depressão e que às vezes se comportam de uma maneira volúvel ou apática porque não sabem lidar com a sua própria autonomia por achar que vai surtar no próximo minuto) não tem capacidade mental de entender que passaporte para o festival do "Tenham pena de mim" costuma custar caro, né?
(mademoiselle ironia tá algumas oitavas altas aqui do meu lado)

Vai custar a minha autonomia e não abro mais a mão dela de jeito algum.
Pois é. Vivendo e aprendendo.

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