Pesquisar este blog

21 junho 2015

Escreva sobre a escolha mais difícil que você já fez

Domingo mais tranquilo, lotado de trabalhos acadêmicos e nostalgia da Mtv anos 90-2000, e dia de 20 coisas para se escrever quando estiver em um bloqueio de escrita! Diferente do que achei que estaria, até que o bom humor está alto. É um bom sinal, yep.

Write about the most difficult choice you made...
Escreva sobre a escolha mais difícil que você já fez...

Tenho até postagens extras sobre isso aqui e aqui. Acho que dá pra perceber o que tanto me deixa na encruzilhada quando preciso decidir algo nessa vida. Mas, go rambling! A eterna briga entre Razão e Emoção!

SANITY IS NOT AN OPTION!!

Quem convive comigo sabe que tenho uma mania muito muito chata de ficar colocando lógica nas coisas, até pra o que não tem sentido. Isso irrita na maioria das vezes.

Porque para mim a lógica do não ter sentido é exatamente a piada interna que tenho que explorar o máximo pra não ficar maluca. A nonsense então é o sentido de tudo. Se isso é o caos, então fazer perguntas que coloquem lógica sobre coisas que supostamente não deveriam ter sentido algum É DE CERTA FORMA uma forma de aplicar a nonsense na prática.
(Se você entendeu até metade desse parágrafo, parabéns, nós cultistas de Cthulhu vamos enviar uma cartinha especial pra próxima reunião.)

Por exemplo: Emoções não tem muita lógica racional para mim. Calma lá que vou explicar!

Somos humanos, certo? Temos coração, diafragma, baço, olhos e cérebro, tá tudo conectado com o mesmo sistema de upload e download, sem interrupções, sem pulos, sem gambiarras. Seu corpo, nosso corpo, o fisiológico, pronto. Emoções, na maioria das vezes, fazem que nosso corpo tenham picos de uploads e downloads, o que pode ser indesejado ou desejado se assim quiser. Às vezes me sinto à vontade com os uploads, mas os downloads costumam ir pra uma parte bem escondida do meu HD mental e ficar lá, esperando várias e várias horas pra algum dia brotar do nada a lembrança.

Aí cai o primeiro problema com a Emoção: ela traz lembranças. E lembranças pra mim vem no pacote expansivo total com combos de "leve mais 1" e principalmente quando a nostalgia é ruim. Aí vem o meu corpo - que por afinidade com a filosofia grega antiga, o encaro como parte racional da minha constituição "Mens sana in corpore sano" - que sente TUDO que a lembrança proporcionou ao sentir a Emoção. Muito óbvio? Certo, mas é.

Só que eu tento explicar isso rapidamente pra minha cabeça, em menos de 3 nanosegundos para poder colocar ordem quando vejo que vai ter mais episódios de Emoção. É o chamado overthinking (pensar demais), quando você tenta racionalizar aquilo que você acha que vai sentir antes mesmo de sentir (O que pode ser extremamente awesome se nos encontrarmos em um Apocalipse Zumbi e você precisar de alguém extremamente frio e calculista pra manter tudo em ordem).

Tudo certo por aqui, sem novidades. Emoção > lembrança > memória > corpo reagindo > ansiedade > ansiedade > ansiedade e MUITA ansiedade.

Aí vem a Razão.

Se tenho internalizado que NÃO PRECISO sentir tanta ansiedade nessa vida - por diversos motivos, por me atrapalhar fisicamente/psicologicamente, por me meter em enrascadas, por me fazer falar/fazer coisas que não quero, por me deixar na mão quando tenho que enfrentar as consequências dos meus atos - por que então sentir coisa alguma, certo? Errado, porque aprendi um pouco tardiamente que é necessário sentir ALGUMA COISA para se manter um pouco sã e salva nos paranauê da vida.

Aí vem a briga entre Emoção e Razão.

Eu não gosto de lembrar muito (E rememorar e ruminar e ficar com a lembrança ali encaixotada no sótão da minha mente, mas é o default do sistema, tenho que lidar com isso), logo não posso nutrir emoções de maneira exagerada, não posso me deixar levar pelas emoções assim do nada. Não quero que meu corpo (Que é literalmente a válvula de escape quando a coisa tá tensa e as emoções sobrecarregam) fique debilitado ou completamente ferrado por uma coisa que eu não consiga explicar direito pra minha cabeça entender.

Complicado?

Okay, desde criança jamais me deixei levar por situações extremas. O mecanismo de defesa aqui foi de trancar as emoções e manter a fachadinha racional pra não ser perturbada. Situações de brigas, conflitos, discussões, até gente falando alto com outras me deixam no modo "não perde a compostura e seja racional", foi o meu modo de enxergar essa Realidade, não tenho muito o que consertar. Acontece que quando são emoções muito muito valiosas (E de uma magnetude que me tiram do eixo racional) - paixão, amor, confiança, senso de justiça, ódio, senso de pertencimento - a powha da equação toda vai pro limbo cósmico. Não consigo ser eu mesma quando estou intensamente ligada a uma dessas emoções (Apesar de que ódio só senti uma vez e mesmo assim se tornou em compreensão no final das contas).

O que muita gente já me aconselhou em simplesmente "deixar fluir" ou "libere isso tudo aí", pra mim é como dizer: "Tá vendo aquele penhasco ali? Você pode voar, vai! Você pode!" e aí eu acho que posso e esqueço de levar páraquedas...
(Porque mesmo se eu voasse, e tivesse asas, IRIA levar um páraquedas! Plano A, plano B e plano C, gente!)

Como disse antes, isso irrita, não só as pessoas ao redor, mas também esse grilhinho chato aqui dentro que fica cricrilando do tipo: "Tenta agir normalmente dessa vez... tenta... tenta..." e aí que entram as perguntas. Eu as faço o tempo todo.

Muita coisa não faz sentido pra mim, se tem emoções no meio, menos ainda. Se sou eu que tou sentindo? Pode apostar que há uma possibilidade grande de eu não estar respondendo racionalmente, mas olha só! Não é que isso acontece com todas as pessoas do mundo? Agora me diz: como é que vocês conseguem ser tão bons em disfarçar? Por que eu não consigo, e isso me incomoda e o que me incomoda, eu tento botar lógica, logo... Voltamos ao parágrafo ali em cima pra ganhar desconto VIP com Cthulhu...

Eu não gosto de me sentir burra, soar sem sentido, não estar em algum padrão (Mesmo que seja um padrão que só eu vou entender, cês não tem obrigação de entender coisa alguma, gente... Cada um é cada um.), mantenho uma disciplina tão enraizada na Razão que sair dessa conjuntura me dói, literalmente. Meu corpo sente, minha cabeça abre a caixinha de lembranças, minha energia vai pro saco.

Todas as vezes que caio no sono profundamente, assim do nada em lugares onde não posso e em situações em que não são apropriadas? Emoção.
Todas as vezes que quis deixar aquela coisinha muito ácida sair boca afora apenas para magoar alguém e ver o resultado surtir? Emoção, não, fica aí dentro, não necessita porque essa powha volta em menos de 3 minutos (Karma miojo?! Hello?).
Todas as vezes que senti o baço ferver, dando pontadas no Orgulho (Ego) e pedindo pra ser expelido? Yep, emoção, aí está você. Trata de ficar quieta!

Prefiro virar uma bolinha de ansiedade por sei lá... 2 ou 3 dias do que deixar expresso o que sinto abertamente como já vi muitas pessoas fazendo sem ter medo algum. O problema é que se eu fizesse isso (E já fiz, experimento próprio) o tempo todo que estivesse dominada pelas Emoções, ia ter mais lembranças. E arrependimentos. E uma coisa que não suporto viver é com o grilhinho perto do baço cricrilando: "Viu? Falei que não ia adiantar powha nenhuma... Cri... cri... cri..."

E o que tem a ver com a pergunta dessa semana? Oras! Se você vive intensamente apenas um lado da moeda (e deixa o outro recalcado com uma pilha de petições, tratados universais, contratos de disciplina, orgulho equilibraaaaado e o escambau), VAI DAR "PROBREMA¹" na hora de fazer decisões difíceis.


Decidir entre fazer Arte por Amor ou por Dinheiro foi difícil.
Decidir seguir meus instintos mais estúpidos de amor romântico também foi difícil.
Desistir da metade das escolhas que fiz no campo: Emoção versus Razão foi difícil.

Legal é ver que agora, nessa altura do campeonato todas as escolhas foram válidas de certa forma. Com muita porradaria semântica, corações quebrados, remendos pra tricotar, e a dor, a velha e chata dorzinha nas costas, ali bem instalada no baço, essa sim faz todo sentido.
(O que é algo realmente pirado, pois consigo dar sentido pra minha depressão, mas não o porquê de ter sentido Amor por pessoas esses anos todos - obrigada desconstrução por me fazer uma pessoa infinitamente menos pior).

Escolher a Emoção (O sentir, o experimentar sem medos) ao invés da Razão (o experimentar com métodos, justificativas, objetivos gerais e específicos, etc), isso é pra mim a coisa mais difícil do mundo. E viver com a escolha também é bem mais difícil que eu imaginava antes de escolher. Aí preciso recorrer a Razão pra tapar todos os picos de emotional overdrive e instantaneamente ficar como uma apática, ou sonolenta. Bem orquestrado, senhores hormônios, a vida não poderia ser pior...
(Poderia sim, poderia ser uma pessoa totalmente desmiolada e tapada quanto a disciplina da racionalidade e sair ferrando comigo e com todos ao redor com as atitudes mais bestas possíveis, desde perfurar os sentimentos de alguém com sarcasmo sem medidas ou simplesmente pular na jugular de alguém, isso sim me preocupa, alguém que não consegue manter suas emoções em cheque me dá medo, tanto da reação da pessoa, quanto da minha)

E é isso.
Meu coração idiota ao invés do meu cérebro babaca: a escolha mais difícil que já fiz.

---------
¹ Probrema com "R' é uma variante de problema, aquele que você pode até resolver. Já o probrema é algo indissolúvel, que vai demorar pra ser resolvido e possivelmente vai fazer você perder alguns parafusos no processo. Explicação mais elaborada da teoria de XAVIER, Gilberto, vulgo Mick jagger da Letras nos anos áureos da PUC em 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário