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21 novembro 2013

[eu não sei fazer poesia] O marinheiro e o brotamento


(Poderia discorrer sobre o assunto de cunho biológico aqui, mas não, aguentem que isso é poesia #sqn)



Queria muito que não brotasses mais em minha memória
Como uma flor desbotando na terra contando uma nova história
De tantos dias de felicidade que me foram em vão

Não direi que me arrependo, não, jamais irei o dizer
Nem mensurar o sofrimento que fui capaz de sofrer
Um coração solitário era mais agradecido quando não ferido
Agora se arrasta pela amurada afora entre os sons de rangeres e silvos

Por pouco não desisti de minha consciência
Conquistada tão penosamente com muita paciência
De anos a fio sendo dono de mim mesmo
Por muito tempo vivi sem aventuras ou festejos
Pelo simples fato de estar farto de toda a contradição
(E ela sempre vem das formas mais descabíveis possíveis)

Queria que não brotasses mais em minha memória
Como fazias há muito tempo, suspirando uma linda história
De talvez um dia encontrasse um pouco de Paixão
O solitário marinheiro, tão apegado a sua Razão

Queria poder escolher o que penso que me agrada
Não revivendo lembranças aqui nesse posto de gávea
Desejando que o próximo raio caia em meu corpo e se esfaleça
Do que deliberar sobre qualquer coisa que a ti me lembra

É complicado, é complicado, dizem os camaradas
Amor de verão não é algo que se cultiva com muradas
Esses muros bem altos que minei meu coração
Devastados na primeira tempestade, na primeira oração

Queria que não brotasses mais em minha mente
O corpo cansado se mantém, mas o coração sente
Como um punhal enfeitado que se apresente
Girado em sentido horário, alvo fácil no presente

O que já foi, já foi! O que será, será! dizem os mais entendidos
Murmuro algo incômodo entre os dentes e mastigo
Toda a mágoa que apenas me restou desde então

Não direi que me arrependo, não, jamais irei o dizer
Nem mensurar o sofrimento que fui capaz de sofrer
O Amor é como um pássaro rebelde a voar
Não calcula onde e quando irá finalmente pousar

Eu aqui, no meu posto de sempre, apenas um marinheiro
Carregando meus pertences pelos portos, não ouso mais
Mensagens ocultas nos vidros das janelas? Não, nunca mais
Acompanho os passos dos outros e vejo do que sou capaz
Apenas mais um fantasma na vila
Apenas um marinheiro que não quer mais lembrar de sua sina

Que (in)fortúnio seria
Abrir as cartas do Tarot novamente
Receber a notícia dormente
Que a última chance se findou
"Fique com o que sobrou"

===xxx===
Bora dormir moçada!