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01 novembro 2013

Pedi Pepsi, me empurraram Coca-cola.

Vamos ver se não estou tão maluca assim para entender a lógica do mundo capitalista/patriarcal/ocidental:

Se eu vejo alguém entrando num comércio e perguntando se tem Pepsi há algumas possibilidades de interpretação para o pedido:

1 - a pessoa não localizou ou está com preguiça de localizar a Pepsi;

2 - a pessoa viu a Coca-cola ali, ela SABE MUITO BEM da Onisciência do líquido desentupidor do Capitalismo, que tem uma geladeira da Coca em TODO LUGAR que a pessoa vá, mas ela NÃO VAI trocar Pepsi por Coca por alguns motivos:

a) Pedir Pepsi é uma forma de se rebelar contra o sistema e não seguir o padrão pré-estabelecido;
b) Pepsi é mais açucarada, tem gosto melhor e custa menos que a porcaria da Coca-cola;
c) a pessoa é viciada em Pepsi (acontece!).

3 - a pessoa quer variar hoje. Se ela perguntou por Pepsi é porque está implicitamente marcado que ela NÃO QUER Coca-cola (já que essa é pedida padrão da grande maioria).

Então, pessoas, se eu ouvisse alguém pedindo Pepsi eu entenderia perfeitamente que a pessoa QUER Pepsi e NÃO Coca-cola. Há um antagonismo aí que parece despercebido, quem toma Coca-cola não troca por Pepsi (e se fizer isso vai com má vontade) e vice-versa.

Antagonismo. Independente do que as duas marcas significam simbolicamente para os consumidores, se são boas ou ruins, se são refrigerantes de grandes multinacionais que exploram mão-de-obra barata por todo canto do globo, há de se supor que quando alguém pede por um produto em específico (e que vai o contrário da pedida normal), o cliente QUER aquela marca, não a outra que ele negou em pegar sumariamente.

É uma escolha consciente sendo feita ali e com juízo crítico. Eu jamais subestimaria o poder de escolha do cliente replicando: "Pega Coca-cola, é a mesma coisa", até porque não sei do histórico da pessoa com o refrigerante. E NÃO, não é a MESMA coisa.

Essa regra pode ser aplicada em todas instâncias sociais, comportamentais e me intrigou, pois há uma relação bem estreita com o poder patriarcal sobre a escolha das pessoas sobre o que fazer de suas vidas e seus corpos (se eu quero ter gastrite e enfraquecimento ósseo, quero com a Pepsi, poxa! A Sociedade já me empurra Coca-cola demais desde quando nasci, e agora que tenho o poder de escolha e de compra tenho que aturar isso?).

Então se levarmos para um lado mais filosófico/questionador: por que RAIOS as pessoas têm essa tendência perversa subliminar de forçar a escolha mais conveniente socialmente pra elas e não pensar em nenhum momento no que o outro sente/pensa/deseja?

Não quero Coca-cola, quero Pepsi. Tenho o direito de escolher e se você não entende isso, pratica alteridade e NÃO ser oportunista e me empurrar algo que não aprecio.

(sim, eu tava falando de regras de comércio e mundo capitalista, mas isso pode ser altamente aplicável no campo da discussão de gêneros na sociedade contemporânea.)

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