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08 outubro 2013

interlúdio entre manter promessa e manter a sanidade


Verdade seja dita, não consigo manter promessas.
A mesma força impulsionadora para que eu as faça é a mesma proporcional para o desinteresse da causa prometida. E se o desinteresse for altamente questionável, aí sim pode apostar que a promessa antes feita com todo carinho e amor será deixada de lado no limbo cósmico para talvez ser resgatada algum dia depois para averiguação.

É amargo ter consciência disso e não poder fazer muita coisa.
Mecanismos de auto-defesa é uma coisa, já auto-preservação é outra.




Há três coisas no mundo que me apavoram muito: Uma é o escuro com silêncio absoluto (Isso sim é algo que nem posso conceber porque me assusta pra baraleo), pois já passei uma experiência não muito boa quando criança por alguns minutos sem obter resposta de ninguém no total escuro (Ainda mais que na minha imaginação fértil de quiança qualquer coisa poderia acontecer). Outra é de enlouquecer de vez, despirocar el cabezón, pirar na soda, soltar alguns parafusos já soltos, etc, etc, etc. A última é ficar como a minha mãe.

Como a última é algo reversível ao ponto de ainda ter vontade de confiar nas pessoas, dá para burlar a inércia desse caso. A do meio é um bocado tensa devido a fatores genéticos e não leio Lovecraft desde pré-adolescente à toa, eu sabia que algo tava encaixado errado nessa família. A primeira é o fator essencial do alinhamento dessas 2 depois.

Porque se eu fico no escuro e no silêncio por muito tempo, logo não posso confiar em ninguém (Se é que tem alguém) e muito menos apostar na sanidade, alguma coisa vai acontecer cedo ou tarde, mas tem que estar em mente (Ou sem mente, dependendo da apuração) que não há como sair do buraco escuro e silencioso se não for por si mesmo. Então aí entram as promessas. Não há como manter firmes acordos padrão de behaviorismo quando tudo que você supostamente via ou acreditava é apagado da frente de seus olhos, quase impossível é manter um pouco de razão quando você está em completa penumbra (Não chama o Iluminismo de Iluminismo à toa).

A conclusão que chega - e com anos de experiência deixando promessas de lado por elas não valerem muito pra sair de uma situação dessas - é que uma é proporcional a outra: quanto mais promessas são feitas, mais possibilidades de perder pontos de sanidade (logo você não confia a tua lucidez a ninguém e acaba virando sua própria mãe, tandãn!). Simples assim.

Por que escrevendo isso? Porque preciso convencer o meu cérebro que não vou pirar e que o escuro já passou - tem uma luzinha lá, bem ali no final do túnel, só ir em direção dela. Se não for um trem em movimento chegando perto pra te atropelar, pode ser a chama de Prometeu guiando os homens para fora da caverna¹, tudo pode acontecer. Inclusive a quebra de promessas (Porque na maioria das vezes prometo que é realmente a chama de Prometeu, mas olha só! Eu também estou no escuro, também estou cega dentro da caverna e vai ver que é o trem mesmo! Se posso dar certeza disso? Posso, só garante que eu não vá me convencer que é o trem desgovernado).


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¹ Vide Mito da Caverna de Platão: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alegoria_da_Caverna

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