[Drumstorm foi um projeto que comecei em meados de 2009 e não vingou. A história era ambientada em um mundo paralelo ao nosso, como um mundo espelho (Onde tudo é ao contrário que deveria ser), e os protagonistas eram um grupo de jovens que enfrentavam o mundo medieval em que caíram, povoado de dragões, e coisas do tipo. Náh. Não deu certo!]
Sozinha em um mar de gente...
As palavras do professor estavam longe, sua cabeça remoía o pedaço de jornal que conseguira com Marcus, era uma reportagem sobre uma professora de francês que ficara desaparecida por 5 anos e estranhamente foi encontrada em um parque londrino do mesmo jeito que desapareceu. Finalmente ela encontrara a passagem de volta. Deixou os pensamentos irem para o quadro de anotações que o professor fazia na lousa, a lapiseira rabiscando círculos no canto da folha do caderno, sua respiração calma e o ruído da lapiseira sendo arrastada na folha.
Uma voz atrás de si desviou sua atenção de tudo, e subitamente seus olhos marejaram vergonhosamente. A voz tão clara e límpida cantava uma música de Natal, mas a letra estava tão diferente! Atreveu-se a olhar para trás e ter a mesma visão de sempre nos seus sonhos... E lá estava ela...
Mais outro sonho ruim...
Mais outro sonho ruim...
O celular no silencioso tremia ao do seu nariz, logo alcançou seu rosto, irritando Annabelle em pleno começo do dia. Ela sabia que o despertador iria tocar.
O rádio da cozinha estava mal sintonizado, Laura tossia um pouco e tentava arrumar a estação, a música deles tocando na rádio central de Londres, Danny passou pela cozinha com a escova de dentes na boca e de meias, Laura tossiu novamente, Annie afagou os cabelos dourados da menina mais nova. Dourados e ondulados como os da mãe. Danny comentou sobre a apresentação no Clube do Trevo, como Markus poderia solar por um tempo antes dele entrar com a típica instrumental irlandesa.
"Quem sou eu?" - pensou Annie e o telefone celular de Danny tocou, ele atendeu, Laura se sentou no balcão da cozinha e mastigou o biscoito crocante sem vontade. Annie sabia que ela não sentia o paladar tão bem por causa da bronquite e a dor de garganta dificultava a ingestão do alimento.
O chá morno aliviou a tensão, Laura fungou um pouco e sorriu para a irmã. Como a mãe. Danny riu com vontade no celular, era um dos seus melhores amigos que sempre ligava naquela mesma hora todos os dias, ele ajeitou os óculos e disse algo para apressar Laura com o café.
A porta se fecha, totalmente sozinha em casa...
O pé ainda dói, o sono ainda perturba, o medo de voltar para o quarto e dormir e sonhar e acordar e chorar novamente. A rotina diária, o escape para suas emoções sufocadas, a roupa ali embaixo da cama, enrolada dentro da mochila arrebentada, ela sabia. Meia hora depois estava enrolada no cobertor, abraçando a mochila com todas suas forças, as lágrimas salgando seus lábios, o celular ali do lado, pois ele continua tocar mesmo ela tendo certeza que não, então o mundo se apaga, pois ela fecha os seus olhos para que as lágrimas não a machuquem novamente (e ela teve mudar e mudou pelo seu próprio bem.).
Porque ela sempre vai ouvir os ecos da Terra a qual ela pertencia e principalmente, senão a única coisa que vai ouvir a vida toda, é o lamento de quem a ensinou a viver... Novamente...
Sozinha em um mar de gente...
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