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23 outubro 2012

A pedra no caminho e a trilha


"That you're alone and you lost in the forest and no one's giving you the fucking map and where the hell are you. Accept that, you can't go back because you will be doing something karmically and just have to go forward."
Há essa parábola interessante que ouvi - alguém muito sábio e perceptivo devo dizer - sobre a Pedra no Caminho e as diversas maneiras de como passar por essa pedra. Dependendo da personalidade da pessoa - o tópico da conversa era o agrupamento em signos zodiacais e tudo que envolve os "tipos" - as reações seriam diferentes, inusitadas e cômicas.
Para exemplificar o que alguém de Touro faria, ela me descreveu uma incrível cena nesse cenário da Pedra no caminho. O taurino iria tentar empurrar a pedra com tanta força que se estrebucharia todo. A vontade tão teimosa e orgulhosa do ímpeto do signo seria de praticamente quebrar a pedra (Ou rochedo como eu visualizo) com golpes bem dados de cabeça. Isso mesmo: Cabeçada na pedra até ela rachar e abrir um caminho visível para a estrada lá do outro lado.

É plausível já que repassei a informação da Pedra no caminho para mais 2 pessoas também taurinas e as reações são semelhantes - com algum detalhezinho aqui e ali. Perfeito, hipótese, metodologia, comparação de resultados, tudo na boa.

E como seria o virginiano? Nem cheguei a perguntar, mas a querida pessoa me diz que nós vemos o tamanho da pedra, calculamos o peso da pedra e decidimos pegar outro caminho. Bem cômodo não? E bem incômodo.



A grande verdade é. O rochedo apareceu na minha estrada. Eu consigo ver a estrada além do rochedo, consigo medir o tamanho da coisa e qual peso ela deve ter na minha travessia. O grande problema é ter vontade (Sim, queridos, a grande questão-mor dos virginianos é: "Vale a pena? O que eu ganho com isso?") para atravessar a bendita da pedra. Depois de analisar bastante o obstáculo, você chega a conclusão que a pedra não vai sair dali tão cedo, e você não tem muita habilidade em querer tirar pedras do lugar seja lá de onde elas vieram (Não são pedras, são AEROLITOS!), aí acontece justamente essa fase bendita do "Não sei".

O "Não sei" costuma ser a terrível sensação de que nada que você planeja pra tirar a pedra do caminho vai ajudar muito no processo todo. Posso retirar a pedra e encontrar mais outra lá na frente, posso contorná-la pelo lado, demorar a alcançar a estrada novamente, mas isso exige muito de algo que não possuo (Disciplina moral), pode ser até que eu possa colocar uma escada na pedra e suba por cima dela e pule pro outro lado, mas aí vem: "Pra quê a escada?"

Essa maldita escada é que me deixa confusa. Não é a pedra por estar ali, ou os motivos de sobra para removê-la. A escada sempre será o modo mais prático para contornar a situação e soluções práticas não combinam com nossa personalidade.  A gente vai passar anos estudando a pedra, tentando compreender o cenário todo e quando finalmente vermos que não vale a pena (A pergunta do Universo, a Vida e tudo mais)  veremos uma trilha ali atrás da pedra e seguiremos por outro caminho. Essa é a ação padrão.

Não há ninguém que nos convença que aquela trilha ali não seja a melhor possibilidade possível para se chegar a algum lugar, é claro, há casos em que fazemos o esforço do Universo, da Vida e tudo mais para continuar o estudo apurado da pedra para achar a solução. Isso se valer a pena. Isso se haver motivação para tal exercício. Isso se a pessoa que estará ao nosso lado realmente querer a pedra removida como forma de mudança, de evolução. Se não: trilha no meio da floresta densa.

E a Floresta é tão amigável e conhecida! posso até contar quantos passos darei até chegar a um ponto comum da trilha para a Estrada, eu sei que a pedra vai estar lá, provavelmente vai ter alguém tentando movê-la de lugar, mas sério! Solução prática pra quê?! Pega a bendita da trilha! É seguro aqui dentro, no meio dessas árvores, entre as folhas forrando o chão, com todas os perigos de se perder para sempre em um local hostil e sem bússola ou mapa ou qualquer coisa. Porque no fundo, lá bem no fundo é o que todos nós queremos: Nos perder.

Escudos naturais, placas de néon, policiamento, regras sociais, tabus, disciplina forçada, rigidez em regras? Tudo fachada.

A parábola da pedra no caminho me ensina todo dia que a trilha que sempre escolho pra não ficar muito tempo analisando por nada talvez não seja a resposta para meus problemas - claramente não é, é somente escapismo, fuga da realidade e trocar a verdade pela ilusão - mas definitivamente é a única coisa que "faz valer a pena". Tire essa trilha de nós, e não teremos mais chão para pisar, apague a trilha com as folhas das árvores (Ou cubra de asfalto), estará quebrando nossas pernas com isso. Precisamos da trilha mais do que precisamos estar lá analisando a pedra (Ou até mesmo analisando quem tanto amamos e que estão lá esperando uma solução na pedra). A trilha nos mostra que mesmo estando perdidos no meio das árvores, sem mapa ou bússola, temos uma capacidade oculta de encontrarmos um lugar seguro, mesmo que isso seja cármicamente errado (Sim, passei a acreditar em kharma e dharma, tudo tem lógica nesse sistema).

Não é louvável, não é o mais adequado, mas certamente não ocorreu ainda o grande impacto para fazer qualquer coisa valer a pena. "Não sei" é a escada, e o "Cansei" logo será o começo da trilha.

Será que desta vez a trilha me leva para algum lugar a não ser a pedra na estrada?


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